quinta-feira, 25 de março de 2010

Death in Vegas: Autenticidade

Inovar hoje em dia parecce uma coisa difícil, principalmente na música. Muitos dizem que "tudo já foi feito. Não há o que criar." Ora, a humanidade vem acumulando conhecimentos sobre diversas áreas desde que surgiu no planeta há milhares de anos e uma pessoa quando "cria" algo na verdade está utilizando estes conhecimentos como base. Tecnologias inovadoras hoje utilizam princípios estabelecidos há séculos. Na música não é diferente. Dá para fazer muita coisa com apenas sete notas musicais e as possibilidades não se esgotarão nunca. Além disso inovar não significa usar escalas que ninguém nunca usou (isso seria realmente impossível), usar timbres que ninguém nunca usou, colocar instrumentos inusitados em certos gêneros, fazer combinações esdrúxulas entre diferentes ritmos, ou falar de coisas que ninguém nunca falou. Inovar é antes de tudo encontrar a sua forma particular de se expressar, sua identidade. Não precisa ser "original" desde que seja "autêntico". 
As bandas e artistas, sobretudo hoje, são comparados entre si e a bandas e artistas anteriores. E essas comparações são importantes para se entender o som que fazem. Todos são uma mistura de suas experiências, seus gostos, etc. 
A música do duo inglês Death in Vegas nos mostra claramente suas influências, que são muitas: de Nina Simone a Fad Gadget, passando por Bo Diddley, Cowboy Junkies e Joy Division, citando apenas algumas. Apesar de tão evidentes, essas influências não atropelam a identidade forte da banda. que foi se definindo ao longo de sua história desde 1994 quando foi formada por Richard Fearless e Tim Holmes. No começo era uma mistura de hip hop, dub e electro que poderia facilmente ser classificado como trip hop. Após o primeiro álbum, "Dead Elvis" de 1997, a dupla entrou num processo de intensas experimentações. Como resultado deste processo lançaram em 1999 "The Contino Sessions". Em 2003 veio o terceiro "Scorpio Rising", (e é esse o disco que postarei hoje) no qual podemos ver finalmente um som maduro apesar do experimentalismo ainda muito presente. Chego à conclusão de que sua identidade é uma confusão coerente em constante mutação, com um disco em que as músicas passeiam por uma infinidade de estilos, mas são, cada uma bem definida, diferentes entre si e unidas pela temática pós punk. Psicodelismo, viagens eletrônicas, atitude punk, rock´n roll puro e simples, melodias sinistramente lindas e músicas para dançar. Tudo isso num único disco. Vale muito a pena. Escute bem e me fale.
                                                            Pablo
Mais informações: Wikipedia: pt.wikipedia.org/wiki/Death_in_Vegas
                             MySpace: www.myspace.com/deathinvegas
Scorpio Rising
  1. Leather
  2. Girls
  3. Hands Around My Throat
  4. 23 Lies
  5. Scorpio Rising
  6. Killing Smile
  7. Natja
  8. So You Say You Lost Your Baby
  9. Diving Waters
  10. Help Yourself

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Breve História sobre o Radar

Desde o começo, nos percebemos diferentes. Eu, por exemplo, guardava o dinheiro do lanche para ir à banca da esquina comprar revistas de rock depois da aula. Estudava as bandas que gostava e pesquisava o que eles teriam ouvido, começando assim um ciclo infinito, onde tudo o que eu curtia, acabava se encontrando em algum lugar.
Na adolescência as coisas pioraram... Sem gastar dinheiro com roupas e longe de ser uma garota normal, já começava a ter uma boa coleção de músicas: alguns vinis e muitas fitas, algumas gravadas de rádio depois de horas atenta esperando tocar "aquela banda". Comecei a copiar fitas para os amigos, fazia coletâneas e era sempre a DJ das festas, enquanto as amigas paqueravam os gatinhos.
Com o tempo, fiz bons amigos por intermédio da música, briguei e fiz sacrifícios pessoais por amor a ela. Um vício.
Nos conhecemos falando de música. Nos reconhecemos, aliás. No começo eram dialógos mais ou menos assim:
- Você conhece tal banda?
- Uhum.
- E fulano?
- Uhum.
E para testar, arriscava um artista quase desconhecido e perguntava de novo. E de novo: - Uhum.
Era verdade.
Hoje temos um enorme e interessante acervo, fruto de anos de pesquisa e prazer. Sempre aplicamos os amigos com novidades e raridades. Dividimos tudo com alegria e como um radar, continuamos atentos às coisas que surgem. Decidimos fazer isso em escala bem maior e assim surgiu a idéia do Radar Ultrassônico: continuar captando, decodificando e transmitindo o que rola pelo mundo da música para quem, como nós, é louco por música. Postaremos sempre uma resenha sobre a banda, artista, projeto, etc, com referências sempre que possível, acompanhada de arquivos para download. Então, sintam-se à vontade para consultar as referências, baixar os arquivos, deixar comentários, perguntas, críticas, sugestões, etc. Tudo será lido e respondido.
Todas as opiniões contidas neste blog são frutos de experiências, observações e impressões pessoais e não são necessariamente baseadas em rótulos pré-estabelecidos como por exemplo PUNK, PROGRESSIVO, INDIE, etc.
Então... Sejam bem vindos. Com ou sem aditivos, relaxem, divirtam-se e boa viagem!
Olhos e ouvidos atentos ao radar!
Dani