Inovar hoje em dia parecce uma coisa difícil, principalmente na música. Muitos dizem que "tudo já foi feito. Não há o que criar." Ora, a humanidade vem acumulando conhecimentos sobre diversas áreas desde que surgiu no planeta há milhares de anos e uma pessoa quando "cria" algo na verdade está utilizando estes conhecimentos como base. Tecnologias inovadoras hoje utilizam princípios estabelecidos há séculos. Na música não é diferente. Dá para fazer muita coisa com apenas sete notas musicais e as possibilidades não se esgotarão nunca. Além disso inovar não significa usar escalas que ninguém nunca usou (isso seria realmente impossível), usar timbres que ninguém nunca usou, colocar instrumentos inusitados em certos gêneros, fazer combinações esdrúxulas entre diferentes ritmos, ou falar de coisas que ninguém nunca falou. Inovar é antes de tudo encontrar a sua forma particular de se expressar, sua identidade. Não precisa ser "original" desde que seja "autêntico".
As bandas e artistas, sobretudo hoje, são comparados entre si e a bandas e artistas anteriores. E essas comparações são importantes para se entender o som que fazem. Todos são uma mistura de suas experiências, seus gostos, etc.
A música do duo inglês Death in Vegas nos mostra claramente suas influências, que são muitas: de Nina Simone a Fad Gadget, passando por Bo Diddley, Cowboy Junkies e Joy Division, citando apenas algumas. Apesar de tão evidentes, essas influências não atropelam a identidade forte da banda. que foi se definindo ao longo de sua história desde 1994 quando foi formada por Richard Fearless e Tim Holmes. No começo era uma mistura de hip hop, dub e electro que poderia facilmente ser classificado como trip hop. Após o primeiro álbum, "Dead Elvis" de 1997, a dupla entrou num processo de intensas experimentações. Como resultado deste processo lançaram em 1999 "The Contino Sessions". Em 2003 veio o terceiro "Scorpio Rising", (e é esse o disco que postarei hoje) no qual podemos ver finalmente um som maduro apesar do experimentalismo ainda muito presente. Chego à conclusão de que sua identidade é uma confusão coerente em constante mutação, com um disco em que as músicas passeiam por uma infinidade de estilos, mas são, cada uma bem definida, diferentes entre si e unidas pela temática pós punk. Psicodelismo, viagens eletrônicas, atitude punk, rock´n roll puro e simples, melodias sinistramente lindas e músicas para dançar. Tudo isso num único disco. Vale muito a pena. Escute bem e me fale.
Pablo
Mais informações: Wikipedia: pt.wikipedia.org/wiki/Death_in_Vegas
MySpace: www.myspace.com/deathinvegas
Scorpio Rising
- Leather
- Girls
- Hands Around My Throat
- 23 Lies
- Scorpio Rising
- Killing Smile
- Natja
- So You Say You Lost Your Baby
- Diving Waters
- Help Yourself
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